terça-feira, 22 de junho de 2010

...

"NÃO preciso de dizer nada......deixei tudo contigo, no meu olhar, no meu suspiro, na minha emoção quando estava contigo.......não há palavras que consigam contornar os factos que tu presenciaste......sem falar tu sabes o que sinto, penso e acho de ti.."
MAR

sábado, 19 de junho de 2010

Ausência

Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
Ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
Magoa, que se limita à alma, mas que não deixa,
Por isso, de deixar alguns sinais - um peso
Nos olhos, no lugar da tua imagem, e
Um vazio nas mãos, como se tuas mãos lhes
Tivessem roubado o tacto. São estas as formas
Do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
As coisas simples também podem ser complicadas,
Quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém, é o sonho que me traz à tua memória; e a
Realidade aproxima-te de ti, agora que
Os dias que correm mais depressa, e as palavras
Ficam presas numa refracção de instantes,
Quando a tua voz me chama de dentro de
Mim - e me faz responder-te uma coisa simples,
Como dizer que a tua ausência me dói.




Nuno Júdice in Pedro lembrando Inês

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Parei o tempo...

"...calei o tic tac que fazia de compasso da vida e sorri!
Soltei-me das grades feitas de horas e abri o cadeado dos dias que envelheciam o corpo.
As juras eternas não duram mais que um suspiro, o compromisso não passa de um abraço, a Paixão não dura mais do que esta noite.
Sem o tempo, temos espaço para Nós."

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ninguém me Venha Dar Vida


Ninguém me venha dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferida,
que não me quero curar,
que estou deixando de ser
e não me quero encontrar,
que estou dentro de um navio
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
porque está perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.

Corações, por que chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.

Fim ditoso, hora feliz:
guardai meu amor sem preço,
que só quis a quem não quis.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1947)'