sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tudo porque não mandei arranjar a campainha

O texto que se segue foi encontrado há uns anos atrás num blog ao qual perdi o rasto. A autora não se identificava.

Nessa altura, tal como hoje (porque o mundo é uma bola de queijo que vou roendo em pequenas doses), o sentido e o sentimento encaixavam-se como uma luva nos acontecimentos recentes que marcavam a minha vida.

Hoje, tal como ontem, lembrei-me dele...


"Chegaste sem que eu desse conta. Talvez tenhas tocado à campainha mas hoje vejo que estava distraída com algo. Provavelmente absorta no meu mundo.
Foste entrando, quiseste correr o risco de abrir a porta e, deixar-te deambular por divisões que julgavas conhecer; para ti não era a primeira vez que pisavas aquele chão, conhecias os cantos à casa como se fossem teus. A cada passo invadias-me, possuías-me e eu mal me dava conta. Julgava-me segura até a casa começar a ruir... Quando saíste e, não fechaste a porta, apercebi-me da tua passagem... Deixaste a porta entreaberta, o frio começou a entrar e a tua ausência a fazer-se sentir.
Enquanto permaneceste não dei por ti... Devias ter fechado a porta! Foste o mais sublime, o que apelidei de “o mais sublime dos cabrões” e, a culpa foi minha... tudo porque não mandei arranjar a campainha!
Da próxima peço que toques, que batas freneticamente à porta e, que no hiato de eu chegar, pé ante pé à porta, não desistas... que me oiças perguntar do outro lado – quem é... ouvir-te responder e, sussurrar-te em seguida enquanto olho ao relógio... demoraste tempo demais na tua não linearidade! Perdeste-te no tempo. No teu. E desencontraste-te do meu.
Neste hiato, entre quartos e pátios da minha casa, tocaste-me e eu perdi-te o toque, o teu cheiro, desencontrei-me do teu olhar, de ti, entre corredores labirínticos. Perdi-me de mim e encontrei-me no vazio da sala sob o horizonte.
Encontro-me agora de pé, não à tua espera mas à minha. À espera do retorno a mim mesma enquanto a luz teima em fugir para dar lugar à escuridão.
Amanheceu e eu não dei conta. Dou por mim em pé, ainda na sala a olhar o horizonte e, pergunto-me... estás aí?"


Não, não estás aí!

terça-feira, 23 de junho de 2009

"Puta que pariu os gajos que nos elevam as exigências!"

Vou começar pelo fim...


O fim começa quando percebemos que, afinal, nem os ditos gajos que um dia foram o centro desse nosso fantasiado universo conseguem responder a tais exigências que um dia criamos à luz do que significaram para nós.

Esse dia chega. Esse dia acaba por chegar, montado num dragão cuspidor de fogo disfarçado de cavalo alado e leva consigo todas as expectativas que criamos à volta de um ser que não passa de um simples e defeituoso mortal.

Nesse dia nasce de cá de dentro um novo Ness feito de lágrimas e monstros míticos, comedor de todas as esperanças, vontades e sonhos de uma vida que nunca existiu senão na mente de quem o sonha!

No fim ficamos assim, nós e o nosso pequeno mundo, onde nenhuma outra alma consegue penetrar. Onde a solidão significa protecção e o limite aconchego.



É assim que quero ficar, no aconchego deste meu mundo só meu, protegida pela carapaça que criei à medida das minhas ilusões...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

InSustentável

Agonia
Ansiedade
Desespero

Não se pode perder aquilo quer não se tem, mas pode sentir-se falta daquilo que um dia já se possuiu, ainda que no sentido figurado da coisa.

Hoje sinto que estou a perder algo que nunca foi propriedade minha, que partes em busca de outras paragens, outros sonhos, outros ombros...
... quando na realidade sou eu que te pertenço, sempre e desde aquele dia longinquo em que a minha vida começou. Lembras-te?

Tenho tantas coisas para te contar sobre esse e todos os outros dias que vivi depois dele. Talvez te conte, um dia. Talvez guarde essas memórias para mim.

Hoje estou assim, angustiada.
Porque sei que não vais ficar à minha espera.
Porque sei que também queres.
Porque sei que não terei outra oportunidade.
Porque sei que não teremos outra oportunidade.

Porque gosto de ti, tanto quanto naquele longinquo dia, há muito, muito tempo, quando eu achei que te conhecia e depois vim a descobrir que sim, te conheço desde sempre. Dos meu sonhos!

Hoje estou assim, num querer mais que um bem querer, sabendo que podes estar aqui, ao meu lado, ou numa outra galáxia... Sozinha no meio da multidão...

Depois do que vivemos, depois do que senti e te senti sentir, isto para mim é... InSustentável!